Ao adotar um cardápio saudável, repleto de frutas, verduras
e legumes, é essencial ter atenção e cuidado com os alimentos que são
bombardeados com agrotóxicos em seu cultivo.
Muitas vezes quando saímos dos mercados com a sacola cheia
de frutas, verduras e legumes, acreditamos que estamos garantindo uma
alimentação super saudável e livre de substâncias que podem fazer mal à nossa
saúde. Mas, infelizmente a realidade não é tão bela assim.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), O Brasil é o
maior usuário de agrotóxicos do mundo, utilizando mais de um milhão de
toneladas por ano, dando um total de 5,2kg de agrotóxicos por brasileiro.
Entretanto, ao mesmo tempo em que aumentam a produção, os agrotóxicos poluem o
meio ambiente e os alimentos e muitas vezes são utilizados sem qualquer
regulamentação ou controle.
De modo geral, mais de 30% dos alimentos consumidos pelos
brasileiros não são próprios para alimentação por apresentarem altos níveis de
resíduos de agrotóxicos. Preocupada com essa realidade, a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) criou o Programa de Análise de Resíduos de
Agrotóxicos (PARA) e realiza periodicamente estudos para verificar a quantidade
de resíduos de agrotóxicos em alimentos.
Os alimentos devem apresentar menos resíduos que o Limite
Máximo de Resíduo (LMR). Em seu último relatório, divulgado em 2012, a ANVISA
apontou a abobrinha como o alimento com a maior quantidade de agrotóxicos,
seguida pela alface, uva e tomate. Em estudos anteriores, divulgados em 2010, a
agência apontou o pimentão como o alimento mais contaminado, seguido pelo
morango.
Os graus de
contaminação
O grau de contaminação de um alimento vai ser maior ou menor
por diversos fatores, entre eles, seu ciclo de maturação. Quanto mais tempo um
alimento demora a amadurecer, mais pulverização de agrotóxico ele receberá,
como é o caso do tomate e o morango que têm um processo de maturação maior e,
portanto, são as frutas que mais apresentam riscos. Já o abacate, o caqui e o
coco, por terem um ciclo menor, têm baixo risco.
Nos legumes, o fator de contaminação se dá pelos ataques de
pragas e os que mais precisam de agrotóxicos são, por exemplo, a abobrinha e o
pimentão, dois legumes detectados como altamente contaminados pela Vigilância
Sanitária. Já as hortaliças em folhas são os alimentos que menos recebem
pulverizações, mas mesmo assim, dependendo do produtor, eles poderão apresentar
alto índice de resíduos, que é o caso da alface.
Segundo o agrônomo Prof. Dr. Adilson de Castro Antônio, da
Universidade Federal de Viçosa, a Associação Brasileira do Comércio de Sementes
e Mudas (ABCSEM) identificou em um estudo realizado em 2010 as 10 hortaliças
que mais receberam agrotóxicos naquele ano.
É importante ressaltar que os alimentos mais pulverizados
com agrotóxicos estão sempre variando, pois a utilização ou não de agrotóxicos
é uma escolha do produtor, que pode optar por uma técnica chamada controle
biológico que é muito menos agressiva ao alimento.
Na lista abaixo estão os 10 alimentos que mais costumam
receber agrotóxicos em seu cultivo segundo a ABCSEM seguidos de seus benefícios
e formas de cultivo. Vale ressaltar que para cultivar alimentos em casa é
preciso tomar alguns cuidados básicos: como ter os utensílios necessários,
preparar bem o solo, regar regularmente e apostar em repelentes naturais.
1. Tomate
O tomate é um alimento extremamente sensível a doenças, por
isso há a necessidade de utilizar agrotóxicos em seu cultivo de forma elevada.
Apesar do alto índice de contaminação, se produzidos com qualidade, os tomates
só trazem benefícios: são fonte de antioxidantes, ajudam a prevenir o câncer de
próstata, contêm quantidades significativas de vitaminas, ajudam a prevenir
doenças relacionadas com o avanço da idade, melhoram o fluxo sanguíneo e
circulação entre outros benefícios.
Para fazer seu cultivo caseiro, é preciso sempre manter a
terra úmida, com boa incidência de luz e abrigado da força do vento, além de um
terra bem adubada e fertilizada. Você pode plantar qualquer tipo de tomate em
vasos, inclusive alguns jardineiros iniciantes preferem começar pelo
tomate-cereja. Seu plantio deve ser feito entre setembro e outubro.
2. Melancia
O uso de agrotóxicos nas melancias também é elevado, e um dos
motivos é a necessidade de produzir frutos grandes. A melancia é uma fonte
poderosa de antioxidantes, além de ser rica em potássio, que ajuda desintoxicar
o corpo prevenindo problemas renais. Seu consumo também ajuda a reduzir a
pressão sanguínea do corpo e a proteger a pele contra os radicais livres.
Para o seu cultivo no lar é necessário um espaço
considerável, mas existem algumas soluções para plantar melancias em vasos. A
melhor época de plantio é no mês de agosto e este exige alguns cuidados com a
terra para evitar o ataque de pragas, como por exemplo: uma cama de palha, uma
madeira ou outro material sob cada fruto para evitar o seu contato direto com o
solo; virar o fruto em intervalo de dias para dar uma aparência uniforme e
eliminar os frutos malformados.
3. Cebola
Por serem a base da alimentação, as cebolas são vastamente
consumidas e são produzidas em larga escala, o que as coloca também na lista de
alimentos que mais recebem agrotóxicos. Apesar disso, seu consumo é
extremamente benéfico.
A cebola ajuda no controle dos níveis de açúcar no
organismo, promove a saúde cardiovascular e também gastrointestinal, além de
auxiliar na saúde óssea e ter ação anti-inflamatória e antibacteriana. A cebola
ainda é rica em vitamina A, B1, B2 , B3 e C, em ferro e cálcio.
Para o seu cultivo no lar, existem formas diferentes de
plantio, algumas mais simples e rápidas e outras mais complexas e que precisam
de maior dedicação. As cebolas precisam de extremo cuidado com suas raízes já
que é nelas que se formam os bulbos. Para isso, sua terra deve ser muito
fertilizada e o ideal é usar fertilizantes orgânicos, impedindo assim o
aparecimento de ervas daninhas, além disso, elas precisam de uma umidade
uniforme ao longo de seu crescimento e devem ser plantadas por volta do mês de
agosto.
4. Abobrinhas
Em um recente estudo realizado pela ANVISA, a abobrinha foi
listada como o alimento com a maior quantidade de resíduos de agrotóxicos. No
entanto, ela é um alimento com incontáveis benefícios, tais como: é boa para
saúde da próstata, é um anti-inflamatório, reduz risco de ataque cardíaco e
derrame, ajuda a prevenir o câncer e a baixar o colesterol.
Para o seu cultivo no lar, é preciso ficar atento ao tipo de
abobrinha, pois cada um vai ter necessidades diferentes e épocas de plantio
distintas. Mas em todo o cultivo é necessário remover as ervas daninhas e
folhas doentes e garantir a polinização, nem que essa seja feita manualmente
com a ajuda de pincéis. Sem polinização, não há fruto.
5. Alface
alface é um tipo de
folhagem largamente consumido, por isso ele também é resultado de uma produção
em larga escala que utiliza agrotóxicos em excesso. Fora esse fato, esse
alimento simples é extremamente poderoso. A alface contém poucas calorias e é
rico em nutrientes, auxiliando na perda de peso e por conter fibras, ele também
auxilia na digestão e combate à prisão de ventre.
Além disso, a alface é benéfico para pele devido aos seus
nutrientes, tais como: potássio, beta-caroteno e vitamina C, e também faz bem
para os ossos e olhos e ainda atua no controle de diabetes e no combate à
insônia.
Existem vários tipos de alfaces e todas podem ser cultivadas
em casa. As sementes precisam ser plantadas em um vaso com 1 cm de profundidade
de terra e assim que elas brotarem devem ser replantadas com 7 cm de
profundidade de terra. Essas verduras precisam ser cultivadas com espaço e em
jardineiras ou caixotes de 25 cm de altura. Sua melhor época de plantio é entre
março e julho.
6. Melões
O melão também recebe muitos agrotóxicos em sua produção, no
entanto, ele é um alimento muito bom para a saúde, pois ajuda a retardar o
envelhecimento, protege contra infecções bacterianas e virais, contra doenças
cardíacas e contra a osteoporose, além de muitos outros benefícios.
Para cultivar o melão, o meloeiro necessita de alta
luminosidade e bastante água no início de seu plantio, mas pouca na época de
amadurecimento, por isso exige cuidados específicos. Como tem um processo de
plantio mais complexo, é difícil plantar melões em casa.
7. Pepino
O pepino também é um dos líderes em resíduos de agrotóxicos,
pois é alimento altamente cultivado, o que incentiva o uso de pesticidas para
alcançar alta produtividade.
O fruto apresenta diversos benefícios, tais como: ter um
efeito calmante, possuir vitaminas A, B, C e K, além de minerais. Pela sua
composição altamente nutritiva ele é bom para a pele, para a prevenção de
câncer, para a digestão, para o coração, para o controle de diabetes, entre
outros.
No cultivo caseiro do pepino, é recomendável condições de
alta luminosidade, em clima quente e sem exposição a ventos. Sua época de
plantio é entre agosto e março. A irrigação do pepineiro deve ser regular para
manter as raízes sempre úmidas, mas nunca encharcadas.
8. Cenoura
A cenoura é um dos alimentos mais consumidos no Brasil, e
devido a essa alta demanda, sua produção também utiliza agrotóxicos. Ela é
largamente conhecida pelos seus benefícios relacionados ao bronzeado, mas eles
vão muito além disso. Ela é boa para os olhos, previne a formação de cancros,
tem ação anti-idade, deixa a pele com aparência saudável e brilhante, é
antisséptica, ajuda na liberação de toxinas, deixa os dentes e gengivas mais
saudáveis, entre muitos outros benefícios.
Para o cultivo em casa, a melhor época é entre os meses de
outubro a março. A cenoura precisa ser cultivada em um solo extremamente leve e
macio para que as suas raízes cresçam de forma saudável. Além disso, a cenoura
prefere condições de alta luminosidade com sol direto para seu crescimento ser
melhor.
9. Pimentão
Em estudo anterior realizado pela ANVISA, o pimentão foi o
alimento com a maior quantidade de resíduos de agrotóxicos. O pimentão é
atacado por fungos e outras pragas, por isso o excesso de uso de agrotóxicos.
Por outro lado, o pimentão é um excelente antioxidante natural. Sua ingestão
regula e protege estômago e intestino.
Para cultivá-lo em casa, as mudas podem ser plantadas já em
um vaso grande, com terra sempre úmida e bastante luminosidade, é recomendável
também o uso de uma estaca para ajudar no crescimento. O pimentão precisa de
alguns cuidados para evitar as pragas e conservar as mudas, que são
extremamente sensíveis, em pequenos potes e só depois plantá-las. A época de
plantio é entre agosto e janeiro.
10. Repolho
O repolho é um alimento de clima frio e geralmente também
recebe agrotóxicos em sua produção. É um alimento rico em vitaminas A, C, E, K
e as do complexo B, além de diversos tipos de minerais. Ele tem ação
anti-inflamatória e antioxidante e ajuda na prevenção de várias doenças
degenerativas. Suas fibras promovem o bom funcionamento do intestino, ajudando
também na recuperação de úlceras e gastrites.
Para o cultivo no lar, é recomendável escolher uma espécie
de clima quente e que tolere temperaturas mais altas. Sua época de plantio é
entre julho e agosto. Um dado importante ao se plantar repolho é que se deve
dar um espaçamento de 30 a 60 cm, e que quanto maior o espaçamento, maiores as
cabeças de repolho formadas.
De acordo com o engenheiro agrônomo Daniel Bizelli Pedroso,
outros alimentos que utilizam agrotóxicos, até mesmo em maiores quantidades que
os alimentos citados acima, são os grãos, tais como feijão, soja e milho. Ao
serem produzidos em grandes lavouras, todo cuidado é pouco para evitar uma
contaminação por pragas e não perder toda a safra.
O especialista ainda adicionou que as grandes indústrias
alimentícias investem muito em tecnologias para produzirem suas lavouras com
agrotóxicos menos agressivos e em processos de purificação do alimento,
principalmente no cultivo da soja e do milho, o que resulta em alimentos com
baixíssimo risco de contaminação e alto teor de qualidade. Por isso, é
importante investir em marcas conhecidas pela sua qualidade e preocupação com a
pureza da produção, além de optar por produtores locais orgânicos que também
vão procurar soluções mais saudáveis para produzir alimentos.
Os alimentos que
menos recebem pesticidas no cultivo
Quanto mais rápido
for seu ciclo de maturação e maior for sua resistência a pragas, menos
agrotóxico esse alimento receberá, como nos casos listados a seguir:
Abacate:
O
abacate é um alimento que reduz a taxa de colesterol e pressão sanguínea,
possui ação antioxidante e anti-inflamatória, age contra prisão de ventre,
evita a fadiga mental e fornece energia aumentando a disposição. Para o seu
cultivo é necessário preparar a semente em um recipiente com água, para dar
origem a raiz, e depois ele precisa ser plantado em solo para dar origem a um
abacateiro.
Caqui: O caqui é
bom para todo o sistema digestivo, mas não deve ser consumido de estômago
vazio. Ele também ajuda no combate ao câncer e traz benefícios contra o
envelhecimento, além de aumentar a imunidade prevenindo contra doenças comuns
como resfriados e pequenas infecções. O caqui pode ser plantado em vasos, mas
isso não é recomendado, o ideal é cultivá-lo em áreas maiores.
Coco: O coco é
extremamente benéfico para o organismo: sua água hidrata a pele, diminui o
colesterol, controla a pressão arterial, repõe a energia e auxilia no
tratamento de úlcera estomacal. Para que seja cultivado no lar, é necessário
plantar de coqueiros em grandes espaços.
Rúcula: A rúcula
é um alimento que apresenta vitaminas A, C e K e minerais como cálcio, ferro e
potássio, sendo muito boa para a saúde dos olhos e ossos. Seu cultivo é
extremamente fácil, a única complexidade é a época de colheita que deve ser
antes do florescimento, pois isso garante folhas menos amargas.
Agrião: O agrião
tem ação antiviral, é bom para a pele, para os ossos e para saúde bucal. O seu
cultivo também é simples para quem quer plantá-lo em casa. Mas exige cuidados
com ervas daninhas e pragas, por isso é preciso usar uma manta vegetal para
manter a umidade e bloquear qualquer ameaça e remover as ervas daninhas e
pragas quando essas aparecerem.
Os riscos do consumo
de alimentos com agrotóxicos
Os agrotóxicos são substâncias químicas ou biológicas usadas
principalmente para combater pragas que podem causar doenças e danificar
plantações inteiras. Existem vários tipos de agrotóxicos, e eles são
classificados dependendo do tipo de praga que eles matam, os mais comuns são os
herbicidas, contra ervas daninhas, inseticidas contra insetos e fungicidas
contra fungos.
Independentemente de sua função, todo agrotóxico é um
produto extremamente perigoso que deve ser manejado com muito cuidado. Em
vários estudos, são apontados os riscos do consumo de alimentos com agrotóxicos
que podem ser de leves a mais graves dependendo do tipo de contaminação.
Há duas formas de contaminação por agrotóxicos: a aguda e a
crônica. Na intoxicação aguda, a contaminação ocorre através da ingestão do
mesmo tipo de agrotóxico no período de 24 horas. O que pode gerar sintomas,
tais como: dores de cabeça, alergias e coceiras. Já na intoxicação crônica, a
contaminação ocorre através do acúmulo do mesmo tipo de agrotóxico por um longo
período, podendo causar infertilidade, abortos, distúrbios no sistema nervoso
(como o Mal de Alzheimer) e até mesmo câncer, já que alguns tipos de
agrotóxicos foram apontados como a causa de alterações celulares.
Dicas de saúde
Malu Silva/Ortifrut
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