Chico Leite e Cláudio Abrantes, ambos da Rede, defendem a cassação da chapa Dilma-Temer pelo TSE.
Maioria dos deputados distritais concorda que a presidente Dilma Rousseff não deve terminar o mandato
O eventual impeachment de Dilma Rousseff evidencia as divergências na Câmara Legislativa. Se dependesse da maioria dos distritais, a presidente da República não terminaria o mandato, nem o ex-presidente Lula assumiria a Casa Civil. Mas a grande preocupação dos parlamentares, tanto a favor quanto contra a saída de Dilma, é o reflexo do impasse que parece estar longe de acabar, principalmente na economia do Distrito Federal.
Favorável ao impeachment, o distrital Bispo Renato Andrade (PR) pensa diferente. “A crise se agravará caso o impedimento da presidente não se consolide, pois haverá um clima de instabilidade política que, certamente, terá reflexos negativos”, afirma Andrade.
O deputado Rodrigo Delmasso (PTN), que defende a cassação da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral, tem opinião parecida. “Com o impedimento da presidente, a crise política pode ser debelada e, consequentemente, criam-se as condições favoráveis para o reaquecimento da nossa economia”, pondera.
Limitação de verbas
O distrital Professor Reginaldo Veras (PDT) acredita que um eventual impedimento de Dilma poderá resultar na limitação do repasse de verbas federais para o DF, especialmente financiamentos por bancos públicos. “O fato de o governador ser contra o impeachment pode ter, segundo a prática política brasileira, desdobramentos indesejáveis e nada republicanos”, observa.
Naturalmente contrário à interrupção do mandato de Dilma, o petista Chico Vigilante prevê dias sombrios, caso a presidente não termine o governo. “Brasília é a unidade da Federação mais dependente do Governo Federal, portanto, um rompimento com a ordem atual estenderia por, no mínimo, dois anos a crise que se abateu sobre a construção civil, o comércio e outros segmentos econômicos na cidade”, argumenta Vigilante.
Procurado para se manifestar sobre a consequência do impeachment, o Governo do Distrito Federal não quis comentar.
Fora do poder:
Maioria dos deputados distritais concorda que a presidente Dilma Rousseff não deve terminar o mandato, e considera uma afronta o ex-presidente Lula assumir como ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República.
Como pensa cada um dos deputados
Questionados pelo JBr., pelo menos para 20 dos 24 deputados, a presidente Dilma Rousseff não terminaria seu mandato. Além do Bispo Renato, os distritais Lira (PHS), Cristiano Araújo (PSD), Celina Leão e Raimundo Ribeiro, do PPS, Liliane Roriz (PTB), Wellington Luiz (PMDB), Robério Negreiros (sem partido), Julio Cesar (PRB) e Sandra Faraj (SD) também são favoráveis ao impeachment e contra a posse de Lula como ministro da Casa Civil..
Por orientação do partido, Chico Leite e Cláudio Abrantes, ambos da Rede, defendem a cassação da chapa Dilma-Temer pelo TSE. Já Reginaldo Veras acredita que crime de responsabilidade fiscal não justifica o impeachment “uma vez que os chefes do Executivo fizeram isso ao longo da história”.
O distrital Israel Batista (PV) demonstra preocupação com a extrema polarização das posições. Para ele, o impeachment já é inevitável. “Não porque haja provas definitivas contra a presidente, mas porque as condições de governabilidade se exauriram”, afirma.
Para o deputado Juarezão (PSB) “o que for decidido pelo STF é o melhor para o Brasil”, enquanto Agaciel Maia (PR) acha que ter um ex-presidente como ministro “não faz parte da tradição republicana.”
Na opinião de Vale (PT), que é contra o impeachment e a favor da posse de Lula, o Brasil precisa de uma reforma política urgente. Rafael Prudente (PMDB) só se posicionará após a decisão do diretório nacional de seu partido. Os demais parlamentares não se manifestaram.
Por: Isaac Marra-Jornal de Brasília