Escola de Educação Infantil do DF aposta em técnica lúdica e acessível para falar sobre respeito e prevenção desse crime com os alunos
Pipo e Fifi viram bonecos que ajudam as crianças a identificar,comportamentos que remetem ao abuso sexual

Os dados são preocupantes: uma em cada cinco crianças sofre algum tipo de violência sexual no Brasil. No ano de 2016, por exemplo, o serviço Disque 100 recebeu 12,6 mil denúncias de abuso sexual contra crianças e jovens até os 18 anos. Pensando em proteger seus alunos desse tipo de crime, a escola de Educação Infantil Ceav Jr., em Águas Claras, Distrito Federal, apostou em um projeto lúdico para ensinar os pequenos sobre autopreservação. A unidade de ensino materializou os personagens Pipo e Fifi, criações da escritora Caroline Arcari, e com contadoras de histórias e bonecos explica como os estudantes podem identificar e impedir a violência sexual.

“Em tom de uma quase brincadeira, falamos com as crianças sobre não deixar que ninguém toque nos corpinhos delas, sobre os sinais do não, sobre saber identificar e não permitir o abuso”, esclarece a diretora pedagógica Silvana Emília.
Estudantes a partir de um ano e nove meses estão inseridos nessa atividade. Pipo e Fifi são personagens de um livro infantil voltado para explicar às crianças conceitos básicos sobre o corpo, sentimentos, convivência e trocas afetivas. De forma simples, ensina a diferenciar toques de amor de toques abusivos, apontando caminhos para o diálogo e a proteção. Na escola Ceav Jr., os alunos interagem com esses personagens.

Os bonecos foram confeccionados pela orientadora educacional Michele Barros.
“A partir do momento em que os bonecos ganharam materialidade, os alunos entraram na brincadeira e recebem importantes orientações sobre um tema tão sério”, diz Michele.
“Falar sobre o corpo talvez já tenha sido um tabu, mas hoje é um assunto fundamental dentro de um contexto educacional. E, de forma lúdica, o tema ganha leveza e fica mais acessível aos estudantes que participam do projeto”, completa Silvana Emília.

Saiba mais
*O conteúdo do livro é trabalhado no Ceav Jr. adaptado a cada faixa idade.

*No Brasil, o Disque 100 e o aplicativo Proteja Brasil são os principais meios de denúncia dos crimes sexuais envolvendo crianças e jovens.

*Nos anos de 2015 e de 2016, 37 mil casos de denúncias de violência sexual na faixa etária de 0 a 18 anos foram recebidos.

*A maior parte das denúncias é referente aos crimes de abuso sexual (72%) e exploração sexual (20%).

*A Lei nº 13.440/2017 estipula pena de perda de bens e valores em razão da prática dos crimes tipificados como prostituição ou exploração sexual.
*A Lei nº 13.441/2017 prevê a infiltração de agentes de polícia na internet com o fim de investigar crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes.

*A Lei nº 13.431/2017 estabelece a escuta especializada e o depoimento especial para crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência.

*Cerca de 67,7% das crianças e jovens que sofrem abuso e exploração sexuais são meninas. Os meninos representam 16,52% das vítimas.

*Dados sobre faixa etária mostram que 40% dos casos eram referentes a crianças de 0 a 11 anos.

*As faixas etárias de 12 a 14 anos e de 15 a 17 anos correspondem, respectivamente, 30,3% e 20,09% das denúncias.

*O perfil do agressor aponta homens (62,5%) e adultos de 18 a 40 anos (42%) como principais autores dos casos denunciados.
 * As ligações no Disque 100 são gratuitas, e as denúncias são anônimas. O atendimento é 24h e ocorre inclusive nos domingos e feriados. O aplicativo Proteja Brasil está disponível para download nos celulares das plataformas Android e iOS. 
Fotos: divulgação/Ceav Jr.