Um dos principais objetivos da sociedade contemporânea é a intensificação do debate sobre o fortalecimento de todas as camadas sociais, independentemente do gênero e raça.
Destacadamente o Brasil tem vivido nas ultimas décadas avanços significativos com a ampliação de políticas públicas mais diversificadas, o que tem propiciando considerável crescimento nas camadas sociais e o fortalecimento político da nossa democracia.
A Marcha das Margaridas, em maio passado, e nesta quarta-feira 18 de novembro, também na Esplanada dos Ministérios em Brasília, a Marcha das Mulheres Negras, que terá como convidada especial a diretora executiva da Organização das Nações Unidas (ONU), Phumzile Mlanbo-Ngcuka, para a abertura da campanha global da ONU Mulheres “Tornar o Mundo Laranja pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, é a mais ampla demonstração mundial que as mulheres trabalhadoras e negras do Brasil têm imensa participação e responsabilidade com o avanço e as profundas transformações políticas do nosso país.
Avanços como a criação da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), em nível federal, a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial e os resultados encorajadores já revelados por algumas ações que indicam um rumo positivo nas políticas públicas dos últimos anos. Mesmo persistindo os debates acerca da constitucionalidade das ações afirmativas, principalmente sobre as cotas para ingresso em universidades e no serviço público.
            As mulheres negras somam hoje algo em torno de 25% da população brasileira, quase 50 milhões de habitantes.
Mas, infelizmente, de acordo com o Mapa da Violência 2015 Contra as Mulheres, elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacs), em 83 países o Brasil figura em 5º lugar.
Entre 1980 e 2013, o homicídio de mulheres independentemente de serem brancas ou negras aumentou 252%, saiu de 1.353 assassinatos para 4.762.
O estudo revela que mais de 55% dos crimes aconteceram dentro de casa e 66,7% foram vitimas as mulheres negras. 
Os dados demonstram que as mulheres negras estão mais expostas à violência e de 2003 a 2013 cresceu em 54,2%, enquanto que no mesmo período o homicídio de mulheres brancas caiu 9,8%.
O mais alarmante é que normalmente são meninas negras ainda na flor da idade com 15/16 anos de idade e que são atacadas por algozes muito próximos; ou parentes, namorados, ex-namorados e maridos e ex-maridos.
O estudo coloca a Lei Maria da Penha como um dos principais instrumentos para conter a violência contra as mulheres, principalmente a escalada da violência domestica que atinge principalmente as mulheres negras do Brasil.
As mulheres do Brasil, independentemente de gênero e raça, credo, trabalhadoras ou donas de casa do campo ou da cidade, não podem sossegar um segundo se quer da luta diária contra machistas violentos, covardes e intolerantes que se escondem sordidamente por trás da tentativa de aprovação de instrumentos de lei que buscam dificultar o aborto legal, reduzir a maioridade penal e brecar o avanço e à ascensão das mulheres negras no mercado de trabalho.
  Por Robson Oliveira Silva  Assessor de imprensa do Sindiserviços-DF