A coordenação do Comitê Pró-Impeachment suprapartidário diz
ter mapeado 346 votos a favor do impedimento da presidente Dilma Rousseff na
Câmara dos Deputados. O número é maior do que o mínimo de 342 votos que a
oposição precisa para aprovar a abertura oficial do processo de afastamento da
petista na Casa e enviá-lo para o Senado julgar.
Segundo o coordenador do comitê, deputado Mendonça Filho
(DEM-PE), o número foi colhido por líderes e deputados da oposição, que
mapearam os votos por Estado. Membros do comitê tentam, no entanto, manter a
lista sob sigilo. Eles alegam que não podem passar nomes ou divisão por
Estados, para não dar "munição" para o governo tentar convencer esses
parlamentares a mudar de voto.
Na contabilidade do Planalto, Dilma tem hoje entre 130 e 150
votos contra o impeachment, número inferior aos 172 necessários para barrar a
abertura do processo. O governo já avalia, contudo, que poderá conquistar até
190 votos, após distribuir cargos para partidos do centrão da base aliada que
estão divididos ou possuem muitos deputados "indecisos", como PP, PR
e PSD.
Em outra frente, o governo também atua para convencer outros
indecisos a faltarem à sessão de julgamento do impeachment. Assim não
atrapalharão, já que o afastamento só é aprovado se tiver 342 votos a favor,
independente do quórum da sessão. O julgamento deve durar cerca de três dias,
uma vez que cada um dos 25 líderes partidários da Câmara tem regimentalmente
até uma hora para defender o voto.
Obstrução
Nesta quinta, 31, a oposição anunciou que obstruirá as
sessões a partir desta sexta-feira, 1º, até o julgamento do impeachment. Parte
dos opositores avalia que o PMDB pode ter desembarcado do governo na "hora
errada". Para alguns líderes, ao anunciar o rompimento na última
terça-feira, 29, o partido deu tempo para o Palácio do Planalto tentar recompor
a base aliada, ao distribuir o espólio peemedebista.
"Estrategicamente, pode ter sido ruim para o
impeachment. O PMDB podia ter esperado mais um pouco", diz um parlamentar
do PSDB. A avaliação é compartilhada até mesmo por alguns peemedebistas da ala
favorável ao impedimento da presidente Dilma Rousseff. "Botamos o milho na
mão deles [governo]", afirmou um parlamentar do PMDB pró-impeachment.
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