Maitê Proença como Dionísia em 'Liberdade, Liberdade':
"Ela tentou matar o marido e isso não é nada perto do que ainda fará"
 (Foto: João Miguel Junior/ TV Globo)
Trinta anos depois, atriz relembra o sucesso 'Dona Beija' e fala de Dionísia, personagem que terá escravos sexuais em 'Liberdade, Liberdade'
Trinta anos depois de ter seduzido o Brasil na pele de Dona Beija, a cortesã da novela homônima, Maitê Proença promete voltar a elevar as temperaturas do horário nobre quando aparecer na nova trama das 23h da Globo, Liberdade, Liberdade, que estreia dia 11.
Desta vez, em vez de tórridos banhos de cachoeira, sua personagem, Dionísia, vai bater ponto na senzala, onde terá escravos sexuais. "Dionísia gosta dos protocolos aristocráticos, mas submete seus escravos a práticas sexuais e não gosta de vê-los se roçando em outros corpos", diz a atriz, que aparecerá despida dos espartilhos, e sem o menor pudor.
"Vai haver muitas cenas de sexo. Sempre achei a questão da nudez supervalorizada, nunca houve constrangimento para mim. Não sou vulgar. Quando fiz 'Dona Beija', eu e o diretor, Herval Rossano, editávamos juntos minhas cenas de nu", relembra ela, que, recentemente, também tirou a roupa no programa Extra Ordinários, do SporTV, por causa de uma aposta, exibindo ótima forma física.
Qual o segredo do corpão, aos 58 anos? "Prefiro subir oito andares de escada a esperar quatro minutos pelo elevador. Não posso usar cremes com ácidos porque sou alérgica. Deixo de intoxicar minha pele com porcarias que têm um custo imenso para o sistema de limpeza do corpo. Menos é mais."
Como é a Dionísia, de 'Liberdade, Liberdade'?
Dionísia é moralista e gosta dos protocolos aristocráticos, mas submete seus escravos a práticas sexuais e não gosta de vê-los se roçando em outros corpos que não o seu. As personagens ambíguas são sempre as mais interessantes.  Até porque todos temos contradições, às vezes bem escondidas, mas elas estão lá atrás da porta. Ela reza em latim e fala em blasfêmia enquanto reprime a sobrinha Joaquina (Andreia Horta, a filha de Tiradentes), mas suas práticas íntimas nada têm de cristãs. Ela tentou matar o marido e isso não é nada perto do que ainda fará. Eu me inspirei apenas no texto do Mario Teixeira que é denso e bom.  Não precisei ir a lugar nenhum além do roteiro que logo estará no ar.
Vai haver cenas de sexo. Como você costuma se preparar para elas?
Vai haver muitas cenas de sexo.  Farei como combinado com o diretor, é a única forma de sair bom: confiando e se jogando!  Pudor nessa hora? Melhor jogar no lixo.
Você parou o Brasil na pele de Dona Beija, que também protagonizava cenas quentes, há 30 anos. Como foi naquela época?
Em 'Dona Beija', eu combinei com Herval Rossano, o diretor, de editarmos as cenas juntos.  Eu ia para a ilha de edição. Nunca houve constrangimento para mim. Não me senti usada, o que foi ao ar precisava estar ali para melhor contar aquela história.  Além do mais, sempre achei a questão da nudez supervalorizada.  E daí? Tudo depende do como.  Eu não sou vulgar e o bom resultado teve a ver com isso também.
Como mantém esse corpinho, aos 58 anos?
Estudei nutrição de forma autodidática durante uns seis anos de minha vida. Seriamente. Fiz todo tipo de experiência alimentar para testar e entender o que me caía bem. Sou naturalista e acredito no prazer.  Todo o prazer. Sou uma hedonista, como era minha mãe, e o sou em homenagem a ela, acho. A comida, como outras delícias sensoriais, precisa ser gostosa e linda.  Não posso usar cremes com ácidos porque sou alérgica. Talvez seja o que eu deixo de fazer que promove minha saúde.  Deixo de intoxicar minha pele com porcarias que têm um custo imenso para os rins e todo sistema de limpeza do corpo.  Isso ao longo de tantos anos foi ajudando a não gastar tanto o organismo. É o fazer menos, não o mais. E gosto de me exercitar, não sou do tipo paradinha, prefiro subir oito andares a pé a esperar quatro minutos pelo elevador.
No dia a dia, como é a Maitê por trás da atriz e escritora?
Acordo, faço ginástica no hotel ao lado (ela é vizinha do Copacabana Palace), ando na praia ou nado no mar, caminho na areia (com camiseta manga longa UVB). Tomo providências domésticas, deixo tudo organizado, e vou trabalhar.  Volto de noite, decoro, tomo um vinho com minha filha, com quem estiver aqui, leio, vejo um filme, vou dormir.  Essa é a rotina agora.  Porque há outras rotinas: a de quando faço teatro, quando excursiono pelo país, quando escrevo livros e peças, e assim por diante.
Quais são seus próximos projetos?
Passei os últimos anos fazendo coisas demais, emitindo opiniões demais.  Agora quero sentir e absorver a vida.  Viver para ter o que dizer.  Ou não.