Temer informou, ainda, que o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes,
convocou reunião com os secretários de segurança pública
 de todos os estados para esta terça-feira
O presidente interino Michel Temer manifestou, nesta sexta-feira (27), por meio de nota enviada à imprensa, repúdio "com a mais absoluta veemência" ao estupro coletivo de uma jovem na zona oeste do Rio de Janeiro.
Temer informou, ainda, que o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, convocou reunião com os secretários de segurança pública de todos os estados para esta terça-feira (31) para que sejam tomadas "medidas efetivas para combater a violência contra a mulher.
"Repudio com a mais absoluta veemência o estupro da adolescente no Rio de Janeiro. É um absurdo que em pleno século 21 tenhamos que conviver com crimes bárbaros como esse (...) Vamos criar um departamento na Polícia Federal tal como fiz com a delegacia da mulher na Secretaria de Segurança Pública do governo Montoro, em São Paulo. Ela vai agrupar informações estaduais e coordenar ações em todo país. Nosso governo está mobilizado, juntamente com a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, para apurar as responsabilidades e punir com rigor os autores do estupro e da divulgação do ato criminoso nas redes sociais", diz a nota do Palácio do Planalto.
Também por meio de nota, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, afirmou que repudia crime praticado contra a adolescente de 16 anos. "O estupro representa a maior violência à dignidade da mulher e deve ser duramente reprimido. O Ministério da Justiça e Cidadania coloca-se à disposição da SSP/RJ para auxiliar nas investigações e discutirá com os Secretários de Segurança do País o tema violência contra a mulher".
A presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), deputada Enfermeira Rejane (PCdoB), informou que vai solicitar à Polícia Civil dados sobre o caso de estupro coletivo da adolescente. A parlamentar afirmou estar "muito consternada" e disse que o caso atinge todas as mulheres. Ela disse ainda que quer entrar em contato com a família da vítima.
"É uma questão de honra e de luta para nós, mulheres, não deixarmos esse caso ficar em vão", disse a deputada, que defendeu uma abordagem de longo prazo e maior atenção ao combate da violência contra a mulher.
O caso ganhou repercussão nas redes sociais, depois que imagens do crime foram gravadas e compartilhadas nas redes sociais. Nas imagens, a adolescente aparece nua, desacordada e machucada. O vídeo também exibe um homem que admite: “uns 30 caras passaram por ela”.
A presidente da Comissão OAB Mulher da seccional fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil, Daniela Gusmão, classificou o crime como um ato de barbárie. Ela contou que a entidade vai oferecer assistência à advogada da vítima que está acompanhando o caso. "Poderíamos dar todo o apoio que essa advogada precisa", disse.
"A OAB entende que a nossa sociedade está vivendo um momento de grande retrocesso nas questões de gênero. Esse crime, entre tantos outros, mas especialmente esse, em que 30 homens colocam a mulher em uma posição absolutamente degradante, deve ser considerado mais que um estupro, é um crime de ódio contra a mulher. É um ato de barbárie", sentenciou Daniela.
Crime
Em depoimento à polícia, a jovem de 16 anos contou que foi dopada e estuprada por 33 homens no morro São José Operário, em Jacarepaguá. Ela disse ainda que os agressores estavam armados com fuzis e pistolas. A Polícia Civil já identificou quatro suspeitos de participação no crime: dois são suspeitos de terem divulgado as imagens nas redes sociais; um seria namorado da jovem; e o quarto identificado aparece no vídeo ao lado da garota.
Manifestações de apoio à adolescente e de repúdio à violência contra as mulheres estão marcadas para dar visibilidade ao assunto. Um ato deve ocorrer em frente à Alerj, no centro do Rio, às 18h de hoje e, na próxima quarta-feira (1), manifestantes devem ir às ruas no Rio, em Belo Horizonte e São Paulo às 16h. 
Para a cientista política Priscila Brito, do movimento Articulação de Mulheres Brasileiras, é preciso aprofundar o debate para que a população possa combater o machismo que está por trás de crimes como esse.
"Quando esses casos vem à tona, são muito emblemáticos do que a gente chama de cultura do estupro. São a exacerbação, o que tem a mais em um quadro que está colocado como normal na sociedade. É chocante, inclusive, para quem está fora do movimento feminista e acha [o crime] um absurdo, mas as coisas que levam a ele são coisas que em geral são naturalizadas", disse Priscila.
A pesquisadora chama a atenção ainda para as tentativas de culpar a vítima pela agressão sofrida, que acabam sendo comuns em casos de crimes sexuais contra mulheres. "A cultura do estupro da nossa sociedade promove isso: que a mulher é culpada por ter provocado o estupro de alguma maneira. Ou porque ela usou roupa curta, porque seduziu o cara, porque estava andando sozinha à noite, porque ela é lésbica e precisa conhecer um homem de verdade. Não é justificável, mas a cultura acaba promovendo isso. Como a gente vive em uma sociedade machista, as pessoas tendem a procurar motivos pra justificar a violência contra a mulher, desde a violência doméstica até o estupro", lamentou.
Com Agência Brasil