O impasse entre o presidente interino, Michel Temer, e a direção da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), coordenada pelo jornalista Ricardo Melo, levou o Planalto a discutir uma série de alterações no modo como a TV pública estatal funciona hoje.
O orçamento da EBC é de cerca de R$ 530 milhões.
Melo foi nomeado pela presidente afastada, Dilma Rousseff, dias antes da decisão do Senado de tirá-la do Planalto. O governo interino tentou trocar a direção da EBC, mas uma liminar do ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), reconduziu o jornalista.
Desde então, alguns ministros, como o da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, passaram a defender que Temer extingua a estatal. A informação foi revelada pelo colunista Jorge Bastos Moreno, de "O Globo".
Não há, no entanto, consenso ou decisão fechada nesse sentido. O plano A do governo continua sendo derrotar no Supremo a volta de Melo ao posto para, a partir daí, fazer uma reformulação profunda na EBC.
O principal entrave à extinção do órgão é o extenso corpo de servidores concursados que compõem a estatal, cerca de 2.000 funcionários.
A tese da reestruturação, vista com bons olhos por alguns dos principais interlocutores de Temer, prega que a TV, uma vez nas mãos de um aliado do presidente interino, passe a usar mais os servidores da casa, pondo fim à contratação de terceiros que, na avaliação deles, "custam muito, mas não agregam audiência" ao canal.
Outra ideia é estimular parcerias da EBC com outras TVs controladas por governos estaduais, como a TV Cultura, de São Paulo, hoje sob o comando do governador Geraldo Alckmin, do PSDB, sigla aliada a Temer. Ironicamente, neste sábado (11) o governador defendeu a extinção da EBC, que chamou "a TV do Lula".
"Tem é que fechar a EBC. É a TV do Lula. Não tem a menor justificativa e não tem audiência. É preciso mudar essa concepção porque a cada dia cria custo", disse Alckmin.
Os defensores da reestruturação dizem que a parceria com TV estaduais poderia contribuir para a diminuição de custos da própria estatal e ampliar as chances de a TV buscar fontes de financiamento para suas atividades.
Outra ideia é, no caso da mudança da direção, minimizar o que integrantes do governo Temer classificam como "viés político" da emissora e investir em prestação de serviços, levando ao ar programas produzidos pela TV Escola, do MEC (Ministério da Educação)