O pedido foi de R$ 350 mil por mês O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) pediu, no início de seu segundo mandato (2011-2014), o pagamento de uma propina mensal pela Andrade Gutierrez, segundo uma delação da Operação Lava Jato.
O depoimento foi dado no fim de junho por Rogério Nora de Sá, presidente da construtora Andrade Gutierrez -cujos executivos firmaram acordo de colaboração com os investigadores.
Segundo ele, a reunião ocorreu em 2011. Cabral disse que estava "no início do governo, ainda sem projeto, sem obra", e pediu a propina "a título de adiantamento", sinalizando que haveria contratos para a construtora ao longo da gestão.
O pedido foi de R$ 350 mil por mês.
Sá disse ter assentido "de imediato" com o governador, mas não explica de que forma os pagamentos teriam sido feitos.
O executivo ainda afirma, como fizeram outros delatores da empresa em depoimentos anteriores, que as obras de reurbanização das favelas da Rocinha, Manguinhos e Alemão renderam 5% de propina para Cabral.Os contratos teriam sido divididos por meio de cartel entre as construtoras, e a propina, repassada via doações oficiais a Cabral.
O governador ainda teria pedido 1% das obras de terraplenagem do Comperj (Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro). O depoimento de Sá foi dado no último dia 23 de junho.OUTRO LADO
A reportagem entrou em contato com a assessoria do ex-governador, mas não havia obtido retorno até as 15h30.Em ocasiões anteriores, Cabral manifestou "indignação e repúdio" às declarações dos delatores.
O ex-governador disse que "jamais interferiu em quaisquer processos licitatórios de quaisquer obras em seu governo nem tampouco solicitou benefício financeiro próprio ou para a campanha eleitoral".Ele já é alvo de um inquérito da Lava Jato que corre no Superior Tribunal de Justiça. Com informações da Folhapress.