Homens brancos sem formação superior. Eis a descrição típica do eleitor
de Donald Trump. As sondagens pós-eleitorais revelam uma realidade bem
mais matizada. Até entre os eleitores latinos.
Como conseguiu Donald Trump construir a sua maioria? Com o voto dos
homens (53% contra 41% que votaram Clinton), o voto dos mais velhos (53%
dos eleitores com mais de 45 anos votaram nele), o voto dos brancos
(58%), o voto dos que não concluíram um curso universitário (51% a 52%
entre os que apenas têm a educação básica e secundária ou apenas
frequentaram um curso superior), o voto dos que ganham mais de 50 mil
dólares por ano (49%), o voto dos independentes (48% contra 42% para
Hillary), o voto dos eleitores casados (53%).
Eis alguns dos elementos que podemos extrair das sondagens realizadas à boca das urnas, sendo os resultados baseados numa amostra de quase 25 mil inquéritos.
Mas se estes resultados eram relativamente esperados, outros houve que
surpreenderam. Por exemplo: Donald Trump não esteve tão mal nalgumas
minorias como se esperava, mesmo que os seus resultados tenham sido
maus, só que mesmo assim melhores dos que os obtidos por Mitt Rommey, o
candidato republicano em 2012. Entre os latinos, que se esperava
contribuíssem de forma decisiva para uma vitória democrata, Trump
recolheu 29% dos votos, um resultado fraco mas melhor do que os 27%
obtidos por Romney há quatro anos. E se entre os negros a sua prestação
foi muito má (apenas 9%), também foi melhor do que a registada em 2012
pelo candidato republicano (7%).
Ao mesmo tempo que Trump resistia melhor do que o esperado
nestes sectores do eleitorado, Hillary Clinton não conseguia reviver a
coligação eleitoral que elegera Obama, sendo isso especialmente evidente
quando olhamos para os eleitores mais novos. Em 2012, 60% dos eleitores
com menos de 30 anos votaram em Obama; agora, essa percentagem entre os
democratas desceu para 54%. E desceu não porque o voto dos mais jovens
se tenha transferido para Trump, mas porque terá ido para as
candidaturas verde e libertária, provavelmente uma consequência da ácida
campanha das primárias no Partido Democrata, em que a maioria dos
jovens apoiava a candidatura de Bernie Sanders, rival de Hillary
Clinton.
Vejamos agora mais alguns dados sobre os eleitores que votaram preferencialmente em Trump:
- Os que disseram ser cristãos, incluindo os católicos (52%), mas com a maior percentagem a ser conseguida entre os evangélicos (81%);
- Os que se disseram sobretudo preocupados com a imigração (64%) ou com o terrorismo (57%), tendo Hillary ganho entre os que referiram ser a economia a sua principal preocupação;
- Os que decidiram o seu voto mais tarde, ou seja, mais perto do dia das eleições;
- Os que acham que o comércio internacional tira empregos aos americanos (65%);
- Os que deram pouca importância aos debates entre os candidatos (que Hillary terá ganho);
- Os que vivem em zonas rurais (62%).
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