Sem acordo durante audiência de conciliação na tarde desta sexta-feira (10/11),
no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-10ª), a greve dos metroviários continua. O GDF não apresentou proposta e repetiu o discurso de que não há dinheiro em caixa para atender os pleitos da categoria. E os servidores não abrem mão de terem suas reivindicações — reajuste salarial e contratação de concursados — acatadas. Às 20h30, os trabalhadores se reúnem para decidir se vão acatar decisão da Justiça para manter 90% da frota circulando nos horários de pico, inclusive no domingo (12), quando serão aplicadas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Procurado, o Metrô aguarda a assembleia para decidir se vai funcionar ou não no fim de semana.  O juiz Pedro Foltran deu prazo até segunda-feira (13) para o Sindmetrô apresentar defesa e se manifestar sobre requerimento feito pelo GDF para que a paralisação seja considerada abusiva e ilegal. Já a Metrô-DF terá até a quinta (16) para réplica. Além disso, o Executivo se comprometeu a apresentar proposta de cronograma para nomeação de aprovados no concurso público.

A procuradora-geral do DF, Paola Aires Corrêa Lima, afirmou após a reunião que outras categorias também requerem reajuste, mas, no momento, este tipo de concessão comprometeria o orçamento público. “Toda a administração direta está na mesma situação, por exemplo, querendo reajuste”, exemplificou. “Greve nunca resolveu este tipo de problema. Não se trata de tentativa de não se cumprir o acordo, mas não há recursos”, alegou.

O advogado do Sindmetrô, Régis Cajaty, afirma que irá reforçar os argumentos de descumprimento por parte do GDF em relação ao acordo de 2015. A categoria alega que o governador Rodrigo Rollemberg (PSB), à época, se comprometeu a conceder reajuste e contratar aprovados em concurso caso o Executivo local deixasse o limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
A paralisação começou na quinta (9). Porém, o Metrô conseguiu pessoal suficiente para colocar 20 dos 24 trens para rodar nos horários de pico. As estações foram abertas apenas das 6h10 às 10h e das 16h30 às 20h30. No segundo dia de funcionamento parcial, nesta sexta, os usuários reclamaram de filas e demora.

Na Estação de Ceilândia Centro, as pessoas que utilizam o bilhete único tiveram que ficar mais de 40 minutos na fila (foto de destaque). “É um absurdo. Deveriam liberar as catracas”, disse o escriturário Robson Almeida, 35 anos. O Metrô informou que solicitou ao Sindicato dos Metroviários uma lista de funcionários para trabalhar durante a greve, em cumprimento à decisão judicial. No entanto, eles não haviam se manifestado.

Reivindicações
A categoria decidiu entrar em greve após assembleia na noite de quarta-feira (8/11), mesmo com decisão judicial determinando que 90% dos trens continuassem rodando nos horários de pico. A liminar do TRT 10 estipulou ainda a circulação de 60% da frota nos demais períodos até o fim da paralisação.
Os servidores reivindicam recomposição salarial no valor da inflação e a nomeação de mais de 600 aprovados em concurso. Após a última paralisação da categoria, em 2015, o GDF se comprometeu a cumprir as medidas. No entanto, segundo os metroviários, o acordo não foi respeitado.

Após a divulgação da liminar, a Secretaria de Mobilidade do DF (Semob-DF) informou que, mesmo com a determinação, “manterá um esquema especial que prevê o reforço da frota com mais 26 linhas que passam paralelas às estações saindo de Samambaia, Águas Claras, Taguatinga, Ceilândia e Guará. Além disso, a população contará com 67 veículos a mais, sendo 51 articulados e 16 padrons”.