Com a promessa de 'despolitizar o Estado', Moisés passou ao segundo turno como o azarão da disputa.

Apresentado como "governador do Bolsonaro" e neófito na política, o coronel dos Bombeiros Carlos Moisés da Silva (PSL) foi eleito governador de Santa Catarina neste domingo (28). Com 59,81% das urnas apuradas, ele aparece com 70,74% dos votos válidos, contra 29,26% de seu adversário, o deputado estadual Gelson Merisio (PSD).

O governador eleito, que adotou Comandante Moisés como nome de urna, é coronel da reserva do Corpo de Bombeiros e jamais havia concorrido a um cargo público. Ele se filiou ao PSL, partido de Jair Bolsonaro, em março deste ano. Antes, além de bombeiro, era professor de direito, área na qual tem mestrado.
Com a promessa de "despolitizar o Estado", Moisés passou ao segundo turno como o azarão da disputa, depois de as pesquisas indicarem na reta final que ele faria apenas 9% dos votos. Fez 29% no primeiro turno.
A campanha colou o candidato ao presidenciável Bolsonaro. Seus jingles faziam menção ao capitão reformado do Exército, e o número 17 era mencionado à exaustão.

Moisés saiu de chapa pura, sem coligações, e não usou o fundo partidário para despesas de campanha (à exceção do pagamento de consultoria jurídica, às custas do partido). Ao longo da campanha, o candidato se apresentou como "a mudança de verdade", e criticou "os problemas deixados por políticos profissionais".

Moisés prometeu governar com técnicos e servidores de carreira e combater o aparelhamento do Estado. Apesar do alinhamento partidário e programático com Bolsonaro, o comandante é dono de um estilo mais cordial: seu tom de fala é calmo, sem rompantes. Em frente às câmeras, exibe um jeito tímido e reservado. Aos 51 anos, é casado e tem duas filhas.

Sua falta de experiência como político foi alvo de críticas dos adversários. Merisio, 52, que já foi presidente da Assembleia Legislativa, dizia ser o mais preparado para governar o estado e afirmava que "uma escolha mal pensada poderia comprometer o futuro de toda uma geração".
"Um governador não pode ser apenas um número", afirmava, em referência ao 17 de Bolsonaro e Moisés.
O pessedista chegou a anunciar seu secretariado durante a campanha, para se vacinar contra suspeitas ou acusações de aparelhamento e acusou o adversário de fazer negociações por debaixo dos panos para sua equipe. Moisés, porém, que negou ter feito tratativas com outros partidos, cresceu na onda bolsonarista e de rejeição à política tradicional.

Na área de segurança pública, uma de suas prioridades, o governador eleito promete investir nos policiais, aumentando o efetivo, e melhorar os presídios estaduais, inclusive por meio de parcerias com a iniciativa privada. Santa Catarina foi alvo de ataques coordenados do crime organizado nos últimos anos.
Moisés também afirmou que irá estudar a concessão de rodovias estaduais e investir em educação em tempo integral. Com informações da Folhapress.