Uma estrutura nova será criada em 1º de janeiro e abrigará também a Fund.Nacional do Índio (Funai).

A advogada, pastora evangélica e ativista pró-vida, foi a escolhida por Jair Bolsonaro e será responsável por conduzir no seu governo, questões importantes e polêmicas de família, mulher, minorias, direitos humanos, feminismo, defesa da vida e da infância.

O futuro chefe da Casa Civil Onyx Lorenzoni anunciou nesta quinta-feira (6) o nome de Damares Alves como titular do Ministério dos Direitos Humanos, Família e Direitos da Mulher. Nos últimos dias, a nomeação foi alvo de intensos debates, tanto por aliados quando por críticos do governo de Jair Bolsonaro.

Uma estrutura nova será criada em 1º de janeiro e abrigará também a Fundação Nacional do Índio (Funai), órgão responsável pelas políticas públicas voltadas para as populações indígenas no país.

A FUNAI, que atualmente está estruturada no ministério da Justiça, passará para o seu ministério. A futura ministra tem conhecimento das questões indígenas, quando assessorou a CPI da FUNAI e já no primeiro momento, quando foi questionada em entrevista sobre os índios diz “ Índio não é problema. Funai não é problema nesse governo. O presidente só estava esperando o melhor lugar para colocar a FUNAI e nós entendemos que é no Ministério dos Direitos Humanos. índio é gente e precisa ser visto como um todo. Índio não é só terra. Índio é gente”.

A futura ministra terá a missão delicada e ao mesmo tempo estratégica de formular pautas para os grupos mais vulneráveis da sociedade, ao mesmo tempo em que terá de responder à base conservadora que ajudou a levar Bolsonaro ao poder.

Atuação evangélica

A ligação de Damares com aliados do presidente eleito, no entanto, é anterior ao vínculo com o senador pelo Espírito Santo. Antes, ela trabalhou para o deputado federal Arolde de Oliveira (PSD), senador eleito pelo Rio de Janeiro cujo sucesso nas urnas em outubro se deveu, em grande parte, ao suporte do clã Bolsonaro.

Ela foi chefe de gabinete de outro expoente da bancada neopentecostal na Câmara, o deputado federal João Campos (PRB).

A futura ministra é desde 2015 assessora parlamentar do senador Magno Malta (PR), uma das principais figuras da bancada evangélica, que afirma que não a indicou para o cargo, mas faz questão de engrandecer sua competência. “A Dra. Damares, indicada pelo presidente Bolsonaro é capaz. Ela é minha assessora há muitos anos, está comigo no meu gabinete. As minhas lutas de vida, de defesa dos valores, contra as drogas, em defesa das crianças, ela tem participado disso ativamente”, destacou.

Questão Indígena
A futura ministra afirmou ter iniciado seu trabalho no tema em 1999, quando trabalhou numa Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou a Funai.
"Assessorando a CPI da Funai, descubro que alguns povos no Brasil, por uma questão cultural, ainda matam crianças porque não sabem o que fazer com elas quando nascem com alguma deficiência física ou mental", disse Damares nesta quinta-feira. "Quando descobrimos que isso acontecia, que filhos de mães solteiras não podem sobreviver, comecei um diálogo que acabou se prolongando de tal forma que estou há 16 anos cuidando de crianças indígenas no Brasil sempre com diálogo e respeito", acrescentou.

Quem é Damares ?

 Origem

Nascida em 1964, Damares Alves é uma mulher tipicamente nordestina. Filha de um pastor e uma dona de casa, de nome Guilhermina, a futura ministra cresceu morando em diversas cidades do Nordeste.

Abuso

Aos 6 anos de idade foi abusada sexualmente. O resultado dos abusos impossibilitaram que ela gerasse uma criança no útero. Vencendo as dificuldades, estudou e se formou como educadora e advogada, vindo a trabalhar como assessora parlamentar por muitos anos.

Crianças de rua

No final da década de 80, em Sergipe, Damares fundou o comitê estadual do Movimento Nacional Meninas e Meninos, cuja principal função era a proteção de crianças moradoras de rua. Nesse período, por diversas vezes, transformou seu próprio apartamento em lar temporário para essas crianças. Outras vezes, para entender o problema na pele, dormiu nas ruas de Aracaju ao lado delas.

Pescadoras

Também no final da década de 80 atuou na defesa dos direitos da mulheres pescadoras e trabalhadoras do campo. Existe ainda hoje, no povoado Siririzinho, na cidade de Siriri, em Sergipe, um centro social que recebeu, em 1987, o seu nome: Damares Alves.

Adotou uma índia

Damares não tem filhos biológicos mas adotou uma indiazinha que foi salva da prática de infanticídio, comum em algumas tribos do Norte quando há o nascimento de bebês gêmeos ou com qualquer tipo de deficiência. A experiência a motivou a criar o Movimento Atini que busca no Congresso Nacional meios de proteger crianças indígenas que correm o risco de ser sacrificadas.

Contra o aborto

Foi uma das fundadoras do Movimento Brasil Sem Aborto, a entidade organizada mais influente na defesa dos nascituros no Brasil.

Contra a pedofilia

É palestrante reconhecida nacionalmente pelo combate à pedofilia.

Contra as drogas

É coordenadora do Movimento Nacional Brasil Sem Drogas.

Advoga de graça

Advoga voluntariamente, há 30 anos, para mulheres em situação de vulnerabilidade social e violência doméstica.

Flores de Aço

É coordenadora do Instituto Flores de Aço, com sede em Brasília, que milita em defesa dos direitos da mulher.

Mais de 300 apoios

Somadas todas as notas, a mera notícia de que seu nome era cotado para o cargo resultou em mais de 300 apoios formais de entidades sociais, profissionais de destaque e políticos. reconhecimento é tanto, que o presidente da Aliança Nacional LGBTI, Toni Reis, dizia não haver oposição ao nome de Damares dentro do seu movimento.

Nossa impressão

Parte da imprensa tenta reduzir Damares à condição de “assessora de Magno Malta”, e “pastora”, pinçando frases dela para pintar um retrato que não condiz com seu histórico de décadas de lutas dentro do Congresso Nacional. Alguns parlamentares chegaram a dizer que Bolsonaro não deveria escolhê-la, preterindo alguém com mandato eletivo.

O que podemos afirmar é que a Dra. Damares é uma guerreira. Uma mulher que lutou por seus direitos, que com muita dificuldade superou os traumas, cursou Pedagogia e Direito e fez da sua vida um motivo de lutas pela vida de outras crianças e famílias.

Essa oportunidade de ser Ministra dará a chance de calar a boca de muita gente da imprensa e tenho certeza que fará um excelente trabalho e terá o seu lugar garantido de destaque na equipe do presidente Bolsonaro.

No ano de 2011, tivemos a oportunidade de conhecer a Dra. Damares, quando assessorava a Frente Parlamentar Mista de Combate ao Bullying e o Deputado Roberto de Lucena, que a presidia.

Naquela ocasião ocorreu um fato que chocou o Brasil todo, que foi a Chacina de Realengo, na cidade do Rio de Janeiro. Um jovem de 23 anos, invadiu a Escola Municipal Tasso da Silveira, armado com dois revólveres, matando 12 alunos, com idade de 13 a 16 anos e cometendo suicídio.

À época, pude assistir o trabalho desenvolvido, a competência e liderança nas ações de assistência às famílias dos jovens e o empenho pessoal da Dra. Damares Alves, atestando sua capacidade, aptidão e maneira peculiar de dedicação ao trabalho.