Votação seria nesta terça e será remarcada; movimento é visto como admissão de que acordo seria derrotado.

Em dura derrota para a primeira-ministra Theresa May, o governo do Reino Unido adiou a votação, pelo Parlamento britânico, do acordo de separação do país da União Europeia (UE), segundo informações da imprensa local.
O Legislativo se pronunciaria na terça-feira (11) sobre os termos do documento acordado entre May e líderes europeus em novembro. A chefe de governo avaliou que não conseguiria conter, a tempo da sessão, o motim de parte significativa de seus correligionários do Partido Conservador.Eles acham que o texto faz concessões demais ao bloco europeu e atenta contra a soberania britânica.

Opõem-se sobretudo ao item que prevê o estabelecimento de uma união aduaneira temporária entre o Reino Unido e a UE para evitar a volta de uma "fronteira dura" entre as Irlandas, caso a futura relação entre as partes não tenha sido desenhada até o fim do período de transição pós-"brexit" (dezembro de 2020, com possibilidade de extensão).
O desligamento britânico do grupo continental está agendado para 29 de março de 2019. Na manhã desta segunda (10), entretanto, o Tribunal Europeu de Justiça divulgou decisão segundo a qual o Reino Unido pode optar unilateralmente, até a data acima, por revogar o "divórcio", permanecendo na UE.Não se sabe ainda para quando será remarcada a votação no Parlamento. May falará aos parlamentares nesta tarde.

Durante o fim de semana, a primeira-ministra conversou com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e com chefes de governo da Alemanha (Angela Merkel) e da Holanda (Mark Rutte), entre outros -segundo jornais ingleses, em busca de emendas ao acordo de separação fechado algumas semanas atrás.

Na segunda, a União Europeia foi categórica em descartar essa possibilidade. "Temos um acordo na mesa. Não vamos renegociar", afirmou Juncker.A própria May vinha martelando para plateias britânicas nas últimas semanas que se tratava do "melhor e único" acerto possível com o bloco.

Também na segunda, Michael Gove, um dos principais ministros do gabinete conservador, rechaçara a hipótese do adiamento da votação no Parlamento, mas contradissera Juncker -ou, ao menos, o desafiara. "É claro que podemos melhorar esse acordo. É o que a primeira-ministra está tentando fazer."A notícia do adiamento derrubou a cotação da libra esterlina, que atingiu seu valor mais baixo face ao dólar em 18 meses. 
Fonte:da Folhapress.