A Caminhoneira Jéssica Valoski Ramos, conhecida na estrada Pelo seu Qra: Valoskinha, de São José dos Pinhais-PR, tem apenas 28 anos de idade, e já dedicou boa parte de sua vida à estrada. 

Ela é caminhoneira há oito anos, e atualmente trabalha com um Iveco Cursor 330, fabricado em 2011, transportando latinas vazias em uma carreta baú. Além de dirigir, ela compartilha os momentos da estrada com as redes sociais, inclusive fazendo vídeos de sua rotina para o Youtube.

Valoskinha começou a viajar com o ex-marido Maurício, quando tinha 17 anos, e diz ter pegado gosto pela estrada já naquela época. Hoje dirige por amor à profissão, e por conhecer lugares, pessoas e culturas diferentes. Jéssica também afirma que está muito satisfeita em ser caminhoneira.
Com 20 anos de idade, ela começou a trabalhar na Braspress, uma grande empresa de transportes que dá oportunidade e treinamento para novos motoristas, e começou trabalhando como motorista em rotas urbanas. Jéssica trabalhou por dois anos na Braspress, até que tirou a carteira E, e começou a trabalhar na mesma empresa que o ex-marido, a Jotalle Transportes. Nessa transportadora, Jéssica atuou no transporte de peças para montadoras.

Com toda a correria do dia-a-dia, imposta pelo ritmo de trabalho, Jéssica conta que muitas vezes nem se alimenta direito, e comenta sobre a falta de estrutura em locais de parada, como banheiros, áreas para descanso e espera.

“Não temos estrutura em postos. Os banheiros geralmente são precários”, afirma.
Além disso, outra coisa que incomoda na estrada é o preconceito, inclusive de outros motoristas profissionais. “Preconceito existe e muito. Muitos falam que eu deveria estrar em casa, esquecendo que temos a mesma capacidade que eles”, completa.

Trabalhando no transporte de latinhas, muitas vezes Jéssica viaja sozinha, e como faz rotas principalmente no Norte e  Nordeste brasileiro, normalmente chega a ficar de 30 a 60 dias longe de casa. Jéssica é mãe de um menino que tem hoje 3 anos, o Pedro. Duas vezes por ano ele viaja junto no caminhão, e chega a ficar até 60 dias na estrada junto com a mãe.

Com tanto tempo longe de casa, a jovem caminhoneira sente muita saudade de casa. Além do filho, Jéssica diz sentir falta da mãe, avó e irmãos. “A saudade da família é dolorida demais. Prezo muito, eles são minha essência”.

Outro problema enfrentado pela caminhoneira, assim como muitos, é a falta de segurança na estrada. Jéssica diz que cada dia está mais perigoso viajar, com muita imprudência no trânsito e muita falta de respeito, além do risco de assaltos. Ela já sofreu uma tentativa de assalto no Arco Metropolitano do Rio de Janeiro. “É muito constrangedor você se sentir um nada na frente de uma arma. Foi um susto muito grande”, completa.

Hoje, a caminhoneira é proprietária de dois caminhões. Além do Iveco que trabalha, tem também um Volvo VM 330, comprados de um primo. Os caminhões ainda estão sendo pagos, e o sonho de Jéssica é abrir a própria transportadora, que já tem até nome, IJR Logística.

Atuando como caminhoneira autônoma agregada na OTD Brasil, diz que ter o próprio caminhão é o sonho da maioria dos caminhoneiros, mas que muitas vezes é melhor ser empregado, pois basta cumprir sua jornada de trabalho corretamente e o salário estará na conta, diferente de ser autônomo, que além de trabalhar como motorista, ainda tem que planejar e cuidar das manutenções previstas e imprevistas do caminhão.

“Sendo empregado, não precisa esquentar com aquele pneu estourado, ou com o motor que estragou ou com a troca de óleo, e diversas coisas mais”, completa.

Ser autônomo é mais difícil, pois além da necessidade de planejamento do caminhão, ainda há a necessidade de arcar com todos os custos, inclusive pedágios e diesel, que ficam cada vez mais caros com o passar do tempo. Além disso, de acordo com a jovem motorista, as grandes empresas de transporte limitam o crescimento do autônomo, repassando seus fretes à atravessadores, fazendo os ganhos dos motoristas diminuírem.

Jéssica deixa um recado:Para as mulheres que tem o sonho de serem caminhoneiras.

“Nunca desistam e não deixem que ninguém roube esse sonho de vocês. Não é fácil, mas tudo é possível”, finaliza.

Com tanto tempo de estrada, a caminhoneira decidiu criar páginas nas principais redes sociais, onde conta diariamente sua histórias da estrada, as novas amizades, e os desafio que enfrenta sempre. Você pode conferir o canal do Youtube, Facebook e o Instagram dela pelos links abaixo:

https://www.youtube.com/user/jessicavaloski
https://www.facebook.com/jessicavaloski
https://www.instagram.com/jevaloski/

Fonte: BlogdoCaminhoneiro