O português afirma-se, cada vez mais, como uma das línguas globais de futuro. Estima-se que em 2050 o número de falantes de português ultrapasse os 400 milhões e que, até ao final do século, chegue aos 600 ou 700 milhões. 

Os cálculos foram apresentados, no final de 2021, pelo diretor executivo do Instituto Nacional de Língua Portuguesa (IILP), Incanha Intumbo, no âmbito de um webminar internacional promovido pela Lusa Language School (escola de português para estrangeiros sediada em Lisboa).

 

Ainda que ligeiramente diferentes, também a projeções das Nações Unidas apontam para um “avanço robusto” da língua portuguesa, concretamente para uma duplicação dos seus atuais 260 milhões de falantes, até ao final do século. 


Tanto para o responsável do IILP, como para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) “a aprendizagem da língua portuguesa está em alta”, sendo atualmente a quinta língua mais falada no mundo, a primeira no Hemisfério Sul e uma das línguas mais usadas na internet e nas redes sociais. Apresenta um forte crescimento, sobretudo em África. 


“Só no Senegal (país de língua oficial francesa) estão inscritos mais de 40.000 novos alunos de português no âmbito do Instituto Camões”, ilustrou o cabo-verdiano Incanha Intumbo. 

“Não quer dizer que o português do futuro seja totalmente homogéneo, coexistirão várias sintaxes, mas isso é a riqueza da língua. Desde que todos nos entendamos isso é que interessa”, sublinhou o responsável. 

Intumbo lembrou que países tão poderosos economicamente como a Índia ou os EUA são membros observadores associados da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP ), “o que revela o interesse global do Português como língua cultural, técnica, científica e de negócios”. 


Nélia Alexandra, directora do Centro de Avaliação de Língua para Estrangeiros da Universidade de Lisboa (CAPLE) confirmou este interesse crescente do português no Centro de Avaliação de Língua para Estrangeiros (que examina e confere os títulos académicos para novos falantes de português) no âmbito da Universidade de Lisboa. 


“Há um novo paradigma, mais novos falantes de português que procuram a língua por motivos académicos, científicos e profissionais e menos por razões de cidadania ou residência, como acontecia até recentemente”, defendeu a diretora do CAPLE, para quem o ensino do português “está cada vez melhor, refletindo-se tal nos exames”.


Por seu turno, Susana Moura, professora na Lusa Language School, sugeriu que “o ensino do Português mudou muito nos últimos anos”. 


“Houve uma explosão a partir de 2015 e, hoje em dia, há uma grande variedade etária, coisa que não acontecia há 10, 15 anos. Hoje em dia coexistem alunos de português seniores com jovens de 9 anos. É muito diferente, há mais procura, mais variedade, mais exigência e qualidade”, frisou. Um dos problemas que se identificam, na opinião desta docente, é a “falta de manuais escolares e textos de apoio, mesmo a nível online”, referiu. 


“O Brasil neste campo é bastante mais dinâmico. A nível de apps, por exemplo, ou outras formas de apoio, o que alunos encontram online é quase tudo brasileiro, os apoios para português de Portugal são muito escassos”, sustentou. 

“Livros e textos de apoio fazem muita falta. Já começam a aparecer as edições e apoios online, mas nunca é demais, é muito importante”, vincou. 


Próximas gerações 

“Se hoje a nossa língua tem um considerável valor estratégico, geopolítico, económico e cultural, essas projeções permitem prever um futuro auspicioso para o nosso idioma comum nas próximas gerações”, destacou Francisco Ribeiro Telles, ex-secretário executivo da CPLP, por ocasião do Dia Mundial da Língua Portuguesa, celebrado a 5 de maio. 


A língua portuguesa esteve na génese e é a matriz identitária da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa, a Colo, permanecendo até hoje como o pilar fundamental e um elemento congregador de todos os países e povos que a partilham. 

É, acima de tudo, um património comum de todos os que a usam e que a foram alimentando e valorizando ao longo dos séculos apropriando-se dela, recriando-a e vivendo hoje como um elemento central da sua própria identidade. 

 


Com Informações do Site: Comunidades Lusofonas