Isabel – Governador, diferente de outros estados, o Distrito Federal está indo bem com a vacinação, o senhor avalia quanto tempo para vacinar toda a população?

Ibaneis Rocha – Nós, como todos os estados, dependemos do Ministério da Saúde. Estamos tendo notícias de frustração na entrega das vacinas, mas espero que tudo se normalize nos próximos dias. Poderíamos estar muito à frente se houvesse mais vacinas disponíveis.

Isabel  – No fim de 2020, muitos acreditaram que estávamos vencendo o vírus, inclusive aqui foi desmontado o hospital de campanha, não se fez um estudo baseado em outros países que estavam passando pela segunda onda?

Ibaneis Rocha – Nenhum dos estudos, mesmo no exterior, mostrava a gravidade da situação; quem fala o contrário mente. Aqui no DF nós não paramos de criar leitos definitivos de UTI em nenhum momento. A desmontagem do hospital do Mané Garrincha foi uma questão contratual, o proprietário tinha direito ao espaço e toda a estrutura foi reaproveitada na nossa rede de saúde, não perdemos um leito sequer. E é importante frisar que enquanto no Mané Garrincha não havia um leito sequer de UTI, quando transferidos para os hospitais e UPAs foram todos transformados em leitos de UTI.

Isabel – Brasília foi infectada pela variante mais letal de Manaus, o governo não tem medo de perder o controle para a cepa P1?

Ibaneis Rocha – Estamos ampliando o número de leitos para pacientes de covid-19 a cada dia; para os próximos dias temos a previsão de contar com mais 93 leitos, além dos 300 leitos nos hospitais de campanha que estamos montando no autódromo, em Ceilândia e Gama. Já contratamos mais de 6.500 profissionais de saúde desde o início da pandemia, reforçamos os contratos que estão garantindo o suprimento de oxigênio – tanto que estamos abastecendo até hospitais de Goiás, no Entorno – e os medicamentos necessários para a intubação. Mas é importante que as pessoas se preservem, observem as recomendações de evitar aglomerações, lavar as mãos com água e sabão e usar máscara.

Isabel – Os necrotérios estão entrando em colapso, quais as medidas que o senhor está tomando para aliviar a situação?

Ibaneis Rocha – Não há colapso em necrotério. Nunca houve. Houve uma dificuldade de empresas encarregadas de retirar os corpos, mas foi apenas um episódio.

Isabel – Desde o ano passado, muitas empresas fecharam, e com o agravamento da pandemia, muitas outras vão fechar, como resolver esse problema?

Ibaneis Rocha – Este é um problema mundial. Aqui no Distrito Federal estou cuidando de oferecer a maior rede de proteção social do Brasil: 22% da nossa população recebeu algum tipo de benefício do GDF durante a pandemia. Garantimos a alimentação de 400 mil famílias com o programa Prato Cheio. Para dar fôlego aos pequenos e médios empresários abrimos programas especiais de crédito; o BrB já colocou mais de R$ 5 bilhões na nossa economia. Teremos um árduo trabalho de recuperação econômica pela frente; é um problema que vamos enfrentar com o resto do mundo.

Isabel – O senhor foi obrigado a fechar o comércio na segunda quinzena de março para conter o número de infectados nos hospitais, surtiu efeito, ou o senhor abriu o comércio por causa das pressões que vinha sofrendo dos empresários?

Ibaneis Rocha – Nosso objetivo era reduzir a taxa de transmissibilidade do vírus, que chegou a 1,38 no Distrito Federal, quase levando ao descontrole total. Com o fechamento parcial do comércio conseguimos reduzir o fluxo de pessoas e a taxa hoje gira em torno de 0,91 que ainda não é a ideal, mas é suportável. Ou seja, as restrições surtiram efeito. Se todos colaborarem e se protegerem não vamos mais ter que passar por isso.

Isabel Almeida – As escolas públicas voltarão as aulas presenciais neste ano?

Ibaneis Rocha – Com o avanço da vacinação será possível voltar com as aulas sim. Nos esperamos que já no segundo semestre se consiga ter um ambiente seguro para alunos e professores.

Isabel – Com o aumento do desemprego e da miséria, quais os incentivos e ajuda por parte do governo para esta camada da população?

Ibaneis Rocha – Temos preocupação em manter a economia funcionando. Só com as obras do GDF criamos 30 mil empregos diretos e indiretos, mas é preciso dar ânimo novo para os empreendedores, para que se recuperem o mais rapidamente possível.

Isabel – Como está a situação dos hospitais hoje, a fila de pacientes esperando por uma UTI será atendida?

Ibaneis Rocha – Estamos ampliando o número de leitos. Nos próximos 15 dias teremos mais 93 leitos funcionando e estamos terminando a construção de três hospitais de campanha, com mais 300 leitos. É o que podemos fazer. Mas o sucesso do combate a esta doença depende também da população, que deve se proteger e não aglomerar para que a doença fique sob controle.

Isabel – Um dos grandes triunfos do seu governo foi a concessão do plano de saúde para os funcionários públicos do GDF, pretende disputar a reeleição em 2022?

Ibaneis Rocha – Ainda é cedo para falar de eleição; meu foco total é em manter a cidade funcionando, limpa, confortável e renovada, ao mesmo tempo em que combatemos a pandemia. Na hora certa o povo dirá se quer que eu seja candidato ou não; se não quiser, volto a minha profissão de advogado na certeza de ter trabalhado muito pelo Distrito Federal.